Meu retorno à Delhi foi também via trem. Como não reservei com antecedência, com ajuda do Ramesh que trabalhava na Guest House onde estava hospedada, comprei o bilhete de emergência: vendido apenas no dia anterior à viagem. Somente havia disponíveis vagas de terceira classe, saindo às 11:00pm, e assim fomos. O fato de eu ter a companhia de uma pessoa local ajudou muito e, claro, me tranquilizou sobre viajar “overnight”. Desta vez, como saímos de Rishikesh apenas às 9:30pm, decidimos por reservar um taxi. Ele foi nos buscar no hotel e, diferente de tudo até aqui, o carro tinha ar condicionado e a viagem de pouco mais de 1 hora correu super bem, mas senti falta do ar quente natural e de me despedir das sensações de Rishikesh no velho e bom Rickshaw ou Tuk tuk.

Na estação, sempre há o primeiro choque de encarar as multidões espalhadas, em pé, sentadas ou deitadas. Num país tão populoso, e com transporte a preços tão acessíveis, não espere encontrar tranquilidade nas estações.

Em pouco tempo embarcamos, e em nossa cabine – aberta, havia 6 camas, divididas em duas beliches. Minha reserva estava para a cama mais alta, o que gostei. Apenas foi um pouco incômodo para subir.

Para evitar subir mais de uma vez, fui antes ao banheiro e quando estava para abrir a porta uma mulher me alertou: Não! Eu sem entender olhei assustada pra ela e ela me apontou a outra porta do outro lado escrita: “western toilet”. Aguardei um pouco e usei o banheiro que estava relativamente limpo, mas claro, sem papel higiênico. Finalmente usei o rolo que levei comigo durante toda a viagem.

Às 8:30am, chegamos em Delhi. Com ajuda novamente do Ramesh, consegui pegar um taxi que me levou diretamente ao hotel onde havia feito a reserva um dia antes chamado Devna. Fica ao sul de Connaught Place e de Old Delhi, numa região muito limpa e bonita. O hotel fica em Sundar Nagar.

Hospedada muito próxima ao Khan Market, que é favorito dos Indianos classe média, aproveitei para fazer compras no meu último dia em Delhi.

A experiência de hospedar-se ou passear em Nova Delhi ou Velha Delhi modifica bastante sua impressões sobre o local. Além disso, o seu meio de transporte pode distorcer bastante as coisas. Minha volta pro aeroporto, por exemplo, foi com um carro super confortável, mas de novo, na India, o visual apenas, não é o que conta. O clima, os cheiros, o barulho são tão ou mais importantes do que o que se vê. Então minha sugestão é que ande de tuk tuks sim, sem preconceito. Quanto à hospedagem, o custo benefício do hotel Devna é incrível e uma região muito silenciosa pra dormir, além disso há mimos como café e um atendimento incrível. Como eu prezo muito dormir bem, acho que sim compensa. De qualquer forma, o primeiro dia e noite em Paharganj pra mim foram chocantes, porém inesquecíveis. Pelo caos como as coisas funcionam e pela sensação de segurança e liberdade que senti, foi neste bairro que aprendi adorar Delhi, coisa que depois descobri que muita gente detesta. O mais interessante é que conheci uma senhora aparentemente bem de situação, Inglesa, que vive ali há 7 anos e não conhece Paharganj, ou seja, deve ser algo repudiado pela classe alta.

Taj Mahal:  Não importa seu interesse ou destino na India, você vai querer ver uma das maravilhas do mundo. No meu caso, o Taj Mahal era um sonho, algo que se vê apenas em livros.  Foram 4 horas de viagem do hotel em Delhi para ir e mais 4 horas pra voltar de Agra, cidade onde ele fica, isto pela via expressa. Não há muito mais o que fazer na cidade a não ser a visita. No meu caso durou 5 horas, e por isso, foi possível ir e voltar no mesmo dia. Agendei este serviço diretamente com o hotel e o motorista era muito profissional e atencioso.

Em Agra, um guia se juntou a nós e ele foi o responsável por me acompanhar na visita ao Taj Mahal. A fila era enorme, basicamente pessoas da própria India que vieram conhecer o monumento.  Como estrangeira acompanhada de um guia, cortamos totalmente a fila e entramos rapidamente, após o pagamento de 850 rupias.

A história do Taj Mahal é bastante conhecida por ser o único edifício deste gênero a ser construído por amor. O imperador Mongol Shah Jahan queria oferecer inicialmente um presente a sua terceira mulher, e seu grande amor. Com sua morte no parto de seu 14 filho, o imperador encomendou logo em seguida a construção do mausoléu. Ele fica ao lado do rio Yamuna, que também é um rio sagrado na India.

O que mais me impressionou foi simetria do edifício, o mármore branco e os detalhes que não são pinturas e sim pedras preciosas, inclusive algumas tem um brilho super forte conforme bate a luz. Eu notei que o mausoléu muda de cor conforme o horário do dia entre branco e dourado. Além disso quando as fontes estão desligadas, você vê o reflexo perfeitamente do edifício nas águas do jardim.