-Não sei se esperava bem isso mas toda a agitação que vi em Delhi, se repete em Rishikesh. Muitos tuk tuks, buzinas, motos, carros, vacas, gente, tudo ocupando os mesmos espaços e disputando seu lugar nele. A diferença é que aqui se vê um maior numero de estrangeiros, o que também dá um certo conforto, até mesmo pra andar mais a vontade sem preocupa-se com os olhares prolongados dos Indianos, que aqui parecem já estar mais habituados a ver todo tipo de gente.
-Há uma boa sensação de segurança em Rishikesh e até mesmo em Delhi. Inicialmente estava com medo de levar meu Iphone novo e usar pra tirar fotos. Um segurança de New Haven um dia falou: “andar com o Iphone à mostra é o mesmo que você estar acenando um bolo de dinheiro no valor de USD800 dólares”. Mas assim que você chega na India percebe que pode ter muita gente te pedindo dinheiro mas sabe ou sente que não corre o risco de te levarem à força seu dinheiro ou o celular. Mais do que isso, testemunhei duas situações em que objetos de valor haviam sido encontrados e depois retornado ao seu dono. E falando em confiança, pelo menos duas vezes percebi que não tinha dinheiro suficiente na bolsa e eles tranquilamente me serviram dizendo que eu poderia pagar no dia seguinte.
-Os pontos principais de Rishikesh onde passei mais tempo são (indo de Haridwar): Rishikesh town / market, Ram jhula – ponte, Lakshman Jhula, Tapovan – bairro do hotel que fiquei chamado Namaste Cottage e é onde fica a Pizzaria la tavola conte e fica na altura da Lakshman Jhula, só que do lado da estrada. Gostei da minha escolha de hospedagem, pois fica no alto e distante da área de grande movimentação.
-Em Rishikesh – como na India como todo – o mercado, ou as compras são muito ativas. Nas zonas próximas às duas pontes onde se concentram os hotéis, ashrams e restaurantes as lojas já são mais similar ao ocidente, possivelmente pelo grande numero de turistas, e voce encontra lojas de todos os generos, vendendo todo o possível. As lojas de produtos orgânicos são muito boas por sinal. E sempre tudo barato, mas mais caro que em Delhi. Mais distante um pouco está o Rishikesh town market. Ali você vai ver algo mais similar aos mercados velhos de Delhi.
Dá pra passar horas descobrindo novas coisas e no fim do dia, você pode ficar por ali e curtir o Ritual Hindu, que é muito lindo(detalhes no post sobre o Ganges). Ninguém pode deixar de tomar também o Lassi. Bem que meu amigo Vikram me disse que o leite, iogurte e sorvetes da região são muito bons! E o melhor, seguro!-Ter a companhia durante alguns dias do Atul, que é Indiano, foi especial para minha viagem em Rishikesh. Ele foi muito amigo, atencioso e também passamos horas falando sobre história, religião e temas como pobreza, educação, saúde, etc sempre fazendo um paralelo entre Ocidente e Oriente. E também por causa de sua companhia durante uma semana nesta cidade, tive exatamente a sensação de quando estou em New Haven, no ambiente que convivi 1 ano de Yale, em que no meio dos historiadores, professores e pesquisadores, participamos e sentimos como se fossemos parte. No meio de vários profissionais de Yoga e massagem, já me sinto mais parte desse mundo. Conheci diversas pessoas especiais e é um universo fascinante.
Mas além do Atul, em especial nos dias que estive sozinha, senti que os Indianos em Rishikesh são bastante atenciosos, compreensivos e respeitosos com estrangeiros.
-Quanto a meio de transporte, Rishikesh pode ser pequena, mas para chegar a qualquer canto se anda bastante e, com exceção dos destinos que estão a beira rio, a avenida principal que pode ser perigosa, ou no mínimo incômoda por causa do calor e também porque você vai ter que disputar espaço com tuk tuks, vacas, etc
-Para quem não tem seu próprio veículo, nao há transporte outro alem dos tuk tuks. Antes de chegar na India me perguntava se teria a experiência de andar num deles, por turismo mesmo, mas a verdade é que eles são a base do transporte público por aqui. E funcionam super bem, eu nunca sai andando sem que houvesse um disponivel depois de eu dar no maximo 10 passos. Em movimento, sem dar muita bola, pergunto, 5 rupees? E se a resposta é sim, pulo pra dentro e sigo pro meu destino, se nao, dou alguns passos e no maximo na terceira tentativa consigo ir pelo preco que quero. É muito divertido! Além disso, eles são super decorativos, alegres e possuem “ar condicionado natural”.-Em diversas áreas da cidade você vê grande concentração de moscas. Eu precisava usar óculos escuros e fechar a boca para evitar qualquer contato mais “intimo” e as vezes me esquecia que estava na India e quando passava por essas concentrações de moscas começava abanar os braços incomodada e logo alguém olhava com aquela cara de “o que ela tem de errado?” e procurava seguir como se aquilo fosse, como de fato é, totalmente natural.
-Estava apaixonada prelos bezerros e vacas espalhados pela cidade ate que vi uma mijando no meio da rua, inundando uma grande pare dela. De fato, quando se ve isso logo imagina-se que integrar este animal nas ruas significa abrir mao do minimo conceito de limpeza. Depois disso passei a reparar nos locais com forte concentração de moscas e, sim, os locais onde há literalmente bosta de vaca, há maior concentração de moscas. Mas isso não é uma regra.
-Levei um tempo para aprender que fotografias podem ser tiradas dos Indianos sem maiores problemas, porém é bom evitar fotografar muçulmanos, pois há algo de ruim associado como se a fotografia tirasse um pouco de suas almas, algo assim, de acordo com Atul. De qualquer forma, eu deixei de tirar muitas fotos que teriam ficado incríveis de cenas cotidianas por falta de “cara de pau” e por respeito mesmo pois não gostaria de fizessem comigo.-Fiz um curso de massagem Ayurvédica com uma
família tradicional neste ramo. Foi o meu primeiro contato com massagem ayurvédica que não como usuárias e adorei. Trata-se de começar a entender outras opções alternativas de prevenção e cuidado com a saúde. Da mesma forma que eu melhorei muito da minha dor de cabeça crônica com Yoga e Massagem, espero poder incentivar e até ajudar outras pessoas a conseguir o mesmo.
família tradicional neste ramo. Foi o meu primeiro contato com massagem ayurvédica que não como usuárias e adorei. Trata-se de começar a entender outras opções alternativas de prevenção e cuidado com a saúde. Da mesma forma que eu melhorei muito da minha dor de cabeça crônica com Yoga e Massagem, espero poder incentivar e até ajudar outras pessoas a conseguir o mesmo.
-Não se come nenhum tipo de carne em Rishikesh e aqui vão algumas figuras divertidas para justificar a opção de muitos por mudar sua dieta-É proibida a venda de bebidas alcóolicas, e realmente não encontrei nenhum lugar que servisse..
-As sacolas são todas recicláveis e não podem ser de plástico.
-Aprendi a escrever meu nome em Hindu. E achei relativamente fácil. Trata-se de um alfabeto diferente mas que podemos aprender rapidamente.
-Sadhu – pessoas que vao em busca de sua espiritualidade e aparecem aos montes por aqui quase sempre com aparência similar aos nossos mendigos.
-Fui perguntada mais de uma vez sobre qual o significado do meu nome e, curioso, penso que aqui na India e acho até que na Asia no geral, todos os nomes tem um significado. Minha resposta sempre é, nenhum, é só um nome. Estou errada? Por mais que tentemos ler e encontrar significado, a verdade é que pra nossa sociedade o nome é apenas um identificador e nada mais.
-Marajás. Essa palavra que tem significado pejorativo no Brasil teria suas origens do termo Maharajas, que significa “donos de reinos e de riqueza”? Acho que é possível ..
-Sobre a questão das vacas nas ruas. Me perguntava, elas tem um dono? De acordo com meu amigo Atul sim, pois elas são muito valiosas pois dão leite. Ou seja, apesar de estarem pr ai soltas, tem dono e sempre voltam pra casa. Porém um outro amigo Meme da Guatemala me contou que as vacas são abandonadas depois que param de dar leite pois se uma vaca morre na sua casa, é mau presságio. E quanto aos bois? Estes apesar de não serem sagrados desfrutam do benefício aqui na India de que, com exceção aos muçulmanos, ninguém como carne bovina, e com isso, estes são normalmente utilizados para serviços gerais.
-Estava pensando sobre higiene e, em especial, o mau costume de jogar lixo diretamente nas ruas. Comparando a minha experiência na aldeia indígena no nordeste Brasileiro com a India, neste aspecto, percebo que culturalmente estes povos receberam uma avalanche de “artigos” ocidentais, cujo desejo do consumidor foi muito bem trabalhado pelo marketing das multinacionais, onde a embalagem tem significado chave. No entanto, nestas culturas, pouco habituadas com o problema do lixo, que antes orgânico se decompunha naturalmente, agora passam a viver no meio deste novo lixo, que não vai embora, a não ser que se criem novas políticas, e em geral, uma reeducação da sociedade. Em minha aula chamada “Marketing in emerging markets” em Yale estudamos cases de empresas que modificaram e diminuíram suas embalagens para atender o grande mercado da India(veja na foto um exemplo que mostra qualquer barraca de rua a vender estes itens). No entanto, o povo, ao começar a consumir produtos em embalagem, não tem consciência do que causam ao meio ambiente quando após consumirem seguem jogando os “restos” no chão. Perguntei ao meu amigo Atul e ele confirmou que em sua infância não se lembra de garrafas de água e todas essas embalagens que hoje andam espalhadas pelas ruas, rios e todo canto. Não há saída para India a não ser implementar políticas e educar seu povo para melhorar seu comportamento pois a tendência é a de aumento do consumo, e com ele a poluição e sujeira. Vejo aqui um enorme mercado potencial para tecnologias ambientais, revitalização urbana, projetos inteligentes de reciclagem e coleta de lixo, etc
-A questão do público e privado aqui na India é bastante curiosa. De acordo com minha amiga Yara, professora de Yoga em Campinas que está aqui na India há 7 meses, a palavra privacidade sequer é encontrada num dicionário Hindi. De fato, desde mesas em restaurantes, bancos, espaço no tuk tuk, nunca espere ter privacidade pois logo chega alguém. Até mesmo em hospedarias menos acostumadas com turistas, você pode levar o susto de alguém entrar no seu quarto. E aquelas fotos que recebemos de pessoas apinhadas em motos ou tuk tuks é vida normal por aqui, um vai sentando sobre o outro e esta sempre tudo bem. Vejam a cara de assustada da minha amiga Sabrina!– Carro pra família maior devido a ter filho? Bom por aqui é possível vermos pais com 4 filhos ou mais numa única moto. Fotografei uma família pequena, 2 filhos. E veja que a mulher anda sempre com as pernas para o lado, sempre. Imagino o desafio para quem esta conduzindo quando carregam 3 ou mais mulheres, todas sentadas para o mesmo lado.
-Alguns pontos fracos gerais são queda de energia constante, Internet instável em todos lugares e mais homens do que mulheres nas ruas o que pode te assustar no início, mas logo você se acostuma–



