Chegada na India e Delhi

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O vôo direto de NY leva 14 horas pela AirIndia. Tive sorte pois o avião veio vazio e por isso pude ocupar 3 poltronas e ter bastante espaço e privacidade. Saímos as 15:30 e desta hora até meia noite fiquei lendo os livros que trouxe. Historia da India e Guia do Lonely Planet. Às 3:30 da manhã o serviço de bordo nos despertou para o café e logo depois já iniciou-se o preparo para a aterrizagem, Chegamos em New Delhi às 02:30pm, horário local.Ou seja, 9:30 de diferença com NY.

IMG_5163Assim que desembarquei do avião, logo senti a diferença de temperatura, o calor parecia forte. No primeiro corredor que andei no aeroporto havia um forte cheiro de carpete mofado. A falta de circulação de ar e a grande quantidade de pessoas tornava o ambiente sufocante. Assim que cheguei no saguão principal, espaçoso, porém ainda cheio com grandes filas para fazer o processo de imigração, vi a indicação para seguir reto para o sinal de “Visa on Arrival”.  O procedimento de visto na chegada é fantastico. Não havia fila, e o fiscal também não encrencou com minha falta da vacina obrigatória da febre amarela – imagino que porque eu estava viajando desde os EUA. Foi tão facil que eu mesma dificultei. Entrei naquela enorme fila com espera aproximada de mais de 1 hora. Por sorte um fiscal me chamou para mudar de fila e perguntei, foi quando entendi que o que havia feito já era tudo, não precisava pegar aquela fila.

IMG_5165Na saida, a feliz surpresa, o boy do hotel estava a minha espera.
Ele trabalha há 8 anos no hotel, tem por volta de 35 anos, fala muito pouco o ingles, disse que na escola aprendeu Hindi apenas e me surpreendeu o seu tamanho e de vários outros homens por aqui, mais baixo que eu, ou seja, menos de 1,60.
Foi muito respeitoso e praticamente nem olhava pra mim, parecia bem instruído de como lidar com mulheres e chegava a parecer estar com medo, até mais que eu rs
IMG_5172Esperamos um pouco pelo motorista e logo chega um veiculo que se assemelha a mini perua por fora e uma brasilia ou TL do meu avo por dentro. Com a diferenca que a direção esta do lado direito.
Nem 10 minutos de estrada e alguns mitos se confirmam. 1. Os indianos dirigem feito loucos, com muita buzina e zigue zague 2. A pobreza é evidente e a sujeira também, 3. O colorido das roupas das mulheres é incrível,  4. Conforme íamos percorrendo o caminho, poucos foram os momentos de mau cheiro, mas nestes momentos tive uma forte ânsia, aquela que a saliva chega a encher a boca em preparar-se pra vomitar, 5. Não só há muitas vacas, como tinha uma na contra-mão!
Achei interessante que com todo o calor enfrentado, ainda assim as pessoas usam roupas cobrindo todo o corpo, inclusive homens.
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IMG_5201O caminho do aeroporto pra Delhi Velha é bastante arborizado. E em geral as avenidas são largas. Os veículos são diversos – a maioria não existe mais ou nem mesmo existiu no Brasil. Mas quando se repara apenas nos carros, parece que esta visitando Cuba de tão velhos que são.
Passamos por um campo de cricket onde eles estavam jogando no meio da tarde e pareciam profissionais, uniformizados de branco. O motorista fez comentário entusiasmado sobre o campeonato nacional.
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Passamos por uma blitz da policia que me pareceu cômica. Uns 10 policiais juntos fazendo pouco ou nada, aparentemente somente incomodando o trânsito. No Brasil temos o mesmo só que o “serviço” e executado por 2 ou 3.
IMG_5204O hotel que fiquei é uma indicação do Lonely Planet e chama-se Amax Inn. O dono esta sempre presente e a limpeza é um diferencial. É fácil notar que eles estão sempre limpando e mantendo o  hotel em ordem. Aliás isso me chamou a atenção pois havia muitos homens, empregados do hotel, fazendo esse tipo de serviço, o que normalmente no mundo todo trata-se de uma atividade executada por mulheres. E o fato de serem muitos, me diz que aqui na India ainda há fácil acesso a mão de obra extremamente barata. Meu quarto, descobri depois, era o melhor do hotel, fiquei no 107. Super recomendo, o colchão é bom, chuveiro também e o quarto é bem espaçoso.
Troquei dinheiro no próprio hotel, com cambio de 1 dólar pra 61 rupias. E saí imediatamente pro Main Bazaar.
IMG_3873A experiência de andar pelo bazaar passou por tres fases. Primeiro estava com medo dos olhares, ou melhor, de atrair olhares. Me fantasiei de forma a parecer o mais natural possivel nas claramente eu estava fora do padrão. No entanto, seja pelo grande movimento de pedestres, rickshaws (tuk tuk), motos e ate carros nas ruas – que pra mim se assemelham mais a vielas- fui acreditando que passava desapercebida. O segundo estagio foi o de me adaptar ao ambiente, na pratica. Esquecido o medo “subjetivo” veio o medo efetivo e mais imediato, por tres vezes quase enfartei de susto com algum veiculo quase me atropelando. O desafio aqui era desviar e não bater ou ser atropelado por motos, tuk tuks, pessoas e vacas, uma em especial me deu uma fungada no pescoço que eu senti até o molhado do fucinho dela.
Por fim, comecei a querer existir. Mais confiante, eu ja andava ultrapassando as pessoas, desviava com agilidade, repetia os caminhos caóticos para ir decorando a paisagem e cada vez ia mais longe no meio do que mais parece um formigueiro após ter sido recebido um ataque.
IMG_3864Meu objetivo era comprar roupa típica indiana. Após perguntar em algumas lojas sobre preços e ter clara a base de preços fechei com uma moça grávida e linda – que falava quase nada de ingles. Nao há muito espaco pra barganha já que os preços ja são extremamente baixos. Mas eu tentava argumentar que a peça que eu queria estava muito grande e ela dizia “voce é magra como eu, somos o mesmo tamanho” e sim isso era verdade mas a peça q ela me mostrava era bem maior. Mas logo desisti e resolvi levar assim mesmo. E foi quando ela me chamou, tirou minhas medidas e costurou na hora os vestidos no meu tamanho. Não gastou mais que 20 minutos. Fiquei encantada. Foi ali que desconfiei que os indianos, quando querem dizer sim ou até mesmo agradar e concordar com você mexem a cabeça em sentido que pra nós seria não, mas ao invés de virar o rosto para as laterais, eles viram o pescoço sentidos os ombros. Depois disso em várias situações essa desconfiança se confirmou em verdade.
IMG_3880No geral me surpreendi com a tranquilidade dos atendimentos. Eu estava esperando um mercado tipo feira no Brasil em que as pessoas ficassem gritando e oferecendo suas coisas constantemente, mas não percebi isso.Feliz com as compras, percebi que estava com fome, mas na estava anoitecendo e contradizendo minha propria expectativa de nao andar a noite na rua sozinha, parei num cafe indicado pelo Lonely Planet chamado Sam’s cafe e jantei um hambúrguer vegetariano que estava divino.
IMG_3882Entrei pelos fundos, eu acho, onde eles tem algumas mesinhas simples e o lugar não estava tão agradável mas em seguida  percebi que havia um terraço e, de fato, não só a comida é boa mas o espaço também muito agradável e com vista! rs
De la voltei pro hotel por volta  de 9 horas desci pra usar a internet e acabei encontrando um casal de brasileiros viajando ha 6 meses pela Asia. Adorei e ficamos conversando ate 1 da manha. Amanha tomaremos cafe juntos.
O jetlag foi muito engraçado pois deitei depois da 1:00am e as 3am eu acordei, possivelmente o corpo achando que estava apenas tirando um cochilo da tarde (se eu estivesse em NY seria 4pm). Dormi anda somente um pouco mais e às 06:00 já havia despertado pois Delhi acordou cedo e eu junto com ela. Buzinas, choros, mugido de bezerro, foram me despertanto e passei algum tempo tentando compreender os sons que escutava e imaginar a vida la fora.
Depois de 1 hora tentando voltar ao sono sem sucesso, me levantei. Reparei que no banheiro havia bem debaixo do chuveiro um balde grande e um menor acoplado. Fiquei tentando imaginar pra que servem e depois entendi que os Indianos gostam de tomar banho com a caneca e o balde e por isso os hotéis disponibilizam tais utensílios
Desci e tomei um chai tipico muito gostoso (ele vem com leite, açudar e diversas especiarias) e comi também algumas torradas.
Outra coisa que reparei é que aqui na India os interruptores valem tambem para as tomadas. Por exemplo, deixei meu cel carregando a noite toda mas quando acordei, nao havia carregado porque sem querer “apaguei” o interruptor errado.
Antes de sair, desci as escadas e achei que o hotel estivesse pegando fogo. Abanei os braços, fiz cara de que entendia que algo havia queimado na cozinha para os funcionarios e devo até ter comentado algo, quando alguém me explicou que se tratava apeas de um incenso..
IMG_3945Encontrei o Atul, amigo da Fer, minha professora de Yoga, que estava com um amigo. Ele é de uma cidade próxima a Mumbai e seu amigo é de Delhi. Saímos todos, inclusive o casal, a ver a cidade velha devidamente guiados. Ambos foram extremamente acolhedores, nos apresentaram muitas coisas na cidade, em especial comidas – que pretendo fazer um post especial para descrever as diversas delícias da culinária indiana.
Visitamos um templo Silk e me chamou bastante atenção a flexibilidade e humildade dos hindus. Flexibilidade física até mesmo para os mais idosos. Se ajoelhar e encostar a testa no chão pode parecer simples mas no Ocidente, por falta de prática, não temos essa vitalidade já em idade precoce quanto mais na velhice. E isso está também associado à humildade, o treino diário de se ajoelhar, ainda que para uma divindade, torna as pessoas mais humildes e isso diz muito sobre a India.
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Em minha estadia em Delhi peguei vários tuk tuks e aprendi a adorá-los como um meio de transporte extremamente útil e eficaz. Percorri mercados, visitei templos e fortes.  No geral tudo parece absurdamente caótico de início mas logo começa a fazer sentido. Imagine um país com 1,2bi de pessoas, se tudo funcionasse como o ocidente, talvez nem haveria espaço para estradas e possivelmente os faróis e faixas de pedestres nem comportariam o fluxo de pessoas e somente atrasariam o que na prática funciona. Por exemplo, quando você vai atravessa qualquer rua, sabe que terá que se atirar para cima dos carros – que estão determinados anão parar, mas você sabe que tal tarefa será mais fácil se tiver reforços, então no geral somente quando se acumula um numero x de pessoas é que os carros acabam parando, mas muito brevemente, para que os pedestres passem – se possível correndo – e assim, sem semáforos, sem pausas “forçadas”, as coisas funcionam e, o melhor, os indices de acidente são pequenos porque com tudo isso, os veículos não podem andar em alta velocidade.
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De qualquer forma, pra que se possa imaginar como é andar pelo centro e mercados de Delhi, pense numa 25 de março em véspera de Natal em São Paulo, agora acrescente tuk tuk, motos e vacas no meio das pessoas. Foi assim minha experiência em Delhi.

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